Quero comprar casa mas não tenho entrada: como começar em Portugal? (guia)

Em Portugal, alguns caminhos permitem avaliar um projeto habitacional mesmo sem entrada inicial, dependendo da análise das entidades financeiras. Este guia explica condições comuns, possíveis garantias adicionais, programas de apoio e documentação necessária para iniciar o processo. Pretende oferecer clareza sem sugerir aprovação garantida.

Quero comprar casa mas não tenho entrada: como começar em Portugal? (guia)

Adquirir habitação própria sem dispor de entrada representa um desafio significativo, mas não impossível no mercado português. Várias instituições financeiras oferecem soluções adaptadas a compradores que não possuem os tradicionais 10% a 20% do valor do imóvel como entrada inicial.

Condições bancárias em Portugal para financiamento total

Os bancos portugueses podem financiar até 90% do valor do imóvel para habitação própria permanente, sendo que alguns casos específicos permitem financiamento de 100%. Para aceder a estas condições, é necessário demonstrar estabilidade financeira sólida, incluindo rendimentos regulares há pelo menos dois anos, ausência de incumprimentos no Banco de Portugal e uma taxa de esforço inferior a 30%.

As taxas de juro para financiamentos sem entrada tendem a ser ligeiramente superiores, refletindo o maior risco assumido pela instituição. Atualmente, as taxas variam entre 3,5% e 5,5% anuais, dependendo do perfil do cliente e das condições negociadas.

Garantias adicionais possíveis para reforçar a proposta

Quando não existe entrada, os bancos exigem frequentemente garantias complementares. Estas podem incluir fiadores com rendimentos comprovados, seguros de vida e invalidez obrigatórios, ou mesmo a constituição de garantias sobre outros bens. Algumas instituições aceitam também aplicações financeiras como garantia, mantendo-as bloqueadas durante parte do período do empréstimo.

A apresentação de um plano financeiro detalhado, demonstrando capacidade de poupança futura, pode também fortalecer significativamente a candidatura junto das instituições de crédito.

Programas de apoio ao comprador disponíveis

O Estado português disponibiliza diversos programas de apoio à aquisição de habitação. O Programa 1º Direito oferece condições especiais para jovens até aos 35 anos, incluindo possibilidade de financiamento até 100% em determinadas condições. O Porta 65 Jovem também proporciona apoios específicos para esta faixa etária.

Para famílias com rendimentos mais baixos, existe o Programa de Arrendamento Acessível e outras iniciativas municipais que podem facilitar o acesso à habitação própria através de condições preferenciais de financiamento.

Documentos necessários para o processo de candidatura

A candidatura a crédito habitação sem entrada exige documentação mais extensa. É necessário apresentar declarações de IRS dos últimos três anos, comprovativos de rendimentos atualizados, extratos bancários dos últimos seis meses e certidão de registo criminal. Adicionalmente, deve incluir-se informação detalhada sobre o imóvel, incluindo caderneta predial, certidão permanente e avaliação bancária.

Todos os documentos devem estar atualizados e organizados de forma clara, facilitando a análise por parte da instituição financeira. A apresentação de garantias adicionais também requer documentação específica comprovativa.


Banco Financiamento Máximo Taxa de Juro Estimada Condições Especiais
Caixa Geral de Depósitos 90% 4,2% - 5,1% Programa Jovem
Millennium BCP 90% 3,8% - 4,9% Clientes Premium
Santander 85% 4,0% - 5,2% Seguros incluídos
Novo Banco 90% 4,1% - 5,0% Condições negociáveis

Preços, taxas ou estimativas de custo mencionadas neste artigo baseiam-se nas informações mais recentes disponíveis, mas podem alterar-se ao longo do tempo. Recomenda-se investigação independente antes de tomar decisões financeiras.


Como comparar propostas de forma responsável

A comparação entre diferentes propostas bancárias deve ir além da taxa de juro nominal. É fundamental analisar a Taxa Anual Nominal Efetiva (TAEG), que inclui todos os custos associados ao crédito. Devem também considerar-se os seguros obrigatórios, comissões de abertura, custos de avaliação e outras despesas.

Recomenda-se solicitar simulações detalhadas a pelo menos três instituições diferentes, comparando não apenas os custos totais, mas também a flexibilidade das condições, possibilidades de amortização antecipada e apoio ao cliente durante todo o processo.

A decisão final deve sempre considerar a capacidade financeira real, evitando comprometer mais de 30% dos rendimentos líquidos com a prestação mensal. É aconselhável manter uma reserva de emergência equivalente a seis meses de prestações, mesmo após a compra da habitação.